O Legado do Rugby Feminino no Estado do Pará
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No dicionário define-se Legado como a transferência de valores e missões, herança ou aquilo que é passado às gerações que seguem. Essa definição se encaixa com excelência na história do Acemira Rugby. Durante esses quase 8 anos de existência, a equipe contou com a perseverança e o carinho de diversas mulheres essenciais para sua consolidação.No finalzinho do mês que celebra a mulher vale tirar um tempo para esta agradável leitura sobre esse legado .
O surgimento do Acemira Rugby em 2011, o primeiro time de rugby a se consolidar em Belém do Pará, foi marcado pela presença majoritária de homens. Todavia, as poucas mulheres, que na época sequer formavam um time de sevens, se mantiveram esperançosas e inabaláveis no sentido de formar uma equipe feminina. Sabe-se que o time feminino ainda demorou a se consolidar, porém, as pioneiras foram perseverantes na captação! Nos cabe agradecer a esse espírito que permitiu que a equipe atual pudesse conquistar tão grandes passos.
Com a mesma paixão e mesmo compromisso dos quase 30 homens da primeira geração do Acemira Rugby, as pioneiras do Rugby no Pará refletiram sua garra e perseverança como características marcantes do time atual. Apesar do isolamento geográfico e da dificuldade de manter as rotinas de jogos, o Acemira Feminino se mostra sempre disposto a buscar novos desafios, mesmo que enfrentando obstáculos enormes e sem ter todo o apoio necessário.
O legado do rugby feminino no Pará se trata de uma consecução de valores e aprendizado, se define em lutar contra as adversidades, passar por cima da falta de grana, das doenças emocionais e das pessoas negativas. É claro que, ainda há muito a se conquistar. A luta agora não é apenas dentro de campo, ela toma um caráter pessoal, trata-se de um desenvolvimento interno, gradual e espontâneo, moldado pelos valores que o esporte prega.No contexto das pelejas sociais por equidade, reconhecer o valor dessas guerreiras é essencial!
Não simplesmente como forma de defender um movimento em si, mas com a finalidade de exaltar aquilo que é belo e ao mesmo tempo feroz. Nesse sentido, o sentimento de pertencer é o que move! Independente das batalhas, do cansaço, das dificuldades financeiras, da oposição, o sentimento de pertencer é o que move! Cada viagem, cada gota de suor, cada camisa rasgada, cada passe bem dado, cada lágrima de alegria ou de dor, cada jogada que deu certo… Aaah, isso vale… Vale todos os minutos dedicados, vale dividir o prato de comida, vale compartilhar a beira do colchonete, vale carregar 12 mochilas, vale ir buscar água nos confins da terra!
Quando se fala de Legado neste cenário, mesmo que a palavra se refira a herança, deve-se perceber que é um conceito em constante “recarga”. Frequentemente o Acemira feminino tem se renovado, olhando as fotos é possível enxergar essa transformação. O que se sabe é que a paixão que o esporte desperta é tamanha que transcende os campos, é possível se imaginar levando as novas gerações para os treinos, torcendo nas arquibancadas e descabelando os cabelos brancos.
Manter-se firme no caminho da integridade, solidariedade, respeito, disciplina e paixão não é tarefa fácil. Permitir-se pertencer talvez seja ainda mais difícil. Fazer ambas as coisas sendo mulher é quase impossível! Não porque as mulheres não tem força, mas justamente porque elas têm! Tem força para sair de situações difíceis, tem força para assumir seus sentimentos, tem força para carregar umas as outras, tem força para entrar e sair do campo de cabeça erguida e para lutar contra seus próprios demônios, às vezes, no silêncio solitário dos seus travesseiros.
Essa característica espetacular de adaptação é o que faz a mulher ser tão singular. Conviver com outras mulheres e somar esses sentimentos, explosões de furor e gargalhadas marcantes é, em todos os sentidos, pertencer a uma família! São irmãs de grama, irmãs de lama, irmãs do rugby! Para finalizar essa singela homenagem deixo os versos de Elba, tão mulher e tão “doida” quanto nós, só falta jogar rugby.
“Às vezes pede proteção pra ter um pouco de atenção
Se finge ser tão frágil, mas domina quem quiser
Pois ninguém pode definir
Mulher…”
Homenagem à todas as Acemiras, á todas as jogadoras de rugby do Estado do Pará e a todas as mulheres que deixaram sua parte nesse Legado em constante transformação. Votos para que nossas guerreiras Acemira representem bem o Estado do Pará no seu mais novo desafio em Brasília na 1° Etapa do Pequi Sevens 2019, amanhã (30/03), participação inédita e histórica, e é claro, mais um pedacinho de Legado!
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