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DOS VALORES FOMENTADOS PELO RUGBY PARAENSE
Dadas as nossas crenças relativas ao entendimento da ética e sua aplicação às discussões cotidianas, subscrevemos um conjunto de valores que devem ser fomentados em nossos praticantes para que possamos formar sujeitos éticos e autônomos, dotados da capacidade de juízo moral independente, conscientes das relações morais que estabelecem com os outros e da interdependência entre eles. Dentro do espírito dessa Carta, as definições desses valores são propositadamente vagas, exigindo a interpretação por parte dos sujeitos. Nós, jogadores de rugby, técnicos, administradores e membros da torcida, acreditamos que os valores essenciais que devem compor nosso esporte são a INTERDEPENDÊNCIA, a COMUNIDADE, a PAIXÃO, a CORPORALIDADE, a CONFIANÇA, o PRAZER e a INTEGRIDADE.
Interdependência
O rugby é talvez o último bastião da verdadeira coletividade nos esportes, e provê a seus participantes um espírito unificador que leva a amizades duradouras, camaradagem e lealdade que transcendem os limites do clube. Esse espírito unificador é o reconhecimento da interdependência entre as ações de todos os agentes envolvidos com o rugby dentro e fora de campo. Um rugger está cônscio do aspecto coletivo do esporte, e sabe que a sua capacidade de extrair prazer do jogo e dos treinos depende dos outros jogadores; por isso, responsabiliza-se pela qualidade da experiência dos colegas, adversários e torcida.​
 
Paixão
Todos aqueles envolvidos na prática e no desenvolvimento do rugby em nossa equipe o fazem com uma intensa paixão. O rugby começa como uma atividade, e logo se torna um estilo de vida. “[A competição] possui todas as características formais do jogo e, quanto à sua função, pertence quase inteiramente ao domínio da festa, isto é, ao domínio lúdico” (Jan Huizinga, Homo ludens).​
Corporalidade
Ainda que mantenhamos preocupações acerca do bem-estar físico dos praticantes do rugby, também entendemos que nossa relação com nosso esporte é fortemente mediada pelo caráter corporal, e que o risco controlado e o domínio físico são importantes componentes desse prazer. A corporalidade do rugby nos obriga a negociar as fronteiras entre prazer e dor, confiança e medo, bem-estar e injúria. Assim, afirmamos a corporalidade do rugby como um valor central, reforçando a ideia de que a disputa física e a virilidade são essenciais para manter a identidade do nosso jogo. O rugby é dominado pelo confronto entre forças opostas, o espírito do agon grego (agon), que resulta em crescimento e progresso: “ o pathos agressivo está ligado tão necessariamente à força quanto os sentimentos de vingança e rancor à fraqueza” (Friedrich Nietzche, Ecce homo – Como alguém se torna o que se é).​
Confiança
A confiança nos nossos pares elimina a necessidade do contrato. Confiamos na capacidade de nossos companheiros em levar o jogo adiante. Confiamos na capacidade de nossos técnicos em elevar a qualidade de nossa ação. Confiamos no juízo do árbitro, instância máxima nas regras do jogo. Confiamos na habilidade do adversário em se igualar a nós, proporcionado um verdadeiro combate. Confiamos na integridade de nossos companheiros de time, nossos árbitros, e nossos adversários – nossos amigos, em resumo.​
Prazer
O prazer é uma força produtiva na construção do significado social do rugby e da subjetividade de seus praticantes como sujeitos desejantes. A experiência do prazer na prática do rugby é experimentada em sua corporalidade e no envolvimento em batalhas ritualizadas, nas amizades que estabelecemos, na extremada competição, no desenvolvimento de perícia, resistência física, e estratégia, e na afirmação e na contestação de identidades de gênero. Os jogadores de rugby são apaixonados pelo jogo, e devem prezar por garantir o prazer de todos os participantes em treinos e jogos.​
Integridade
Integridade é a nossa capacidade de agirmos de acordo com convicções éticas, como sujeitos autônomos e capazes de fazer um juízo moral. Integridade é a coerência e a consistência entre nossas ações e nossos valores. É o que coroa os valores do rugger, e, parafraseando Aristóteles, é impossível sem nobreza e bondade de caráter. O rugger têm um profundo sentido de orgulho em seus colegas e em sua própria excelência – que deve ser buscada constantemente. Um rugger sempre busca a excelência e a magnânima, e a integridade é o que garante que seu orgulho não se transforme em arrogância. O rugger joga e treina com honra, assumindo a responsabilidade de fazer um juízo moral, e sofrendo estoicamente as consequências de suas ações. A integridade dos ruggers gera a excitação do jogo e ao sentimento de pertencer à Família Acemira.
“Igualdade frente ao inimigo – primeiro pressuposto para um duelo honesto.
Quando se despreza não se pode fazer a guerra; quando se comanda,
quando se vê algo abaixo de si, não há que fazer a guerra”
-Nietzche, Ecce homo
Extraído e adaptado de "Carta de Valores: Acemira Rugby Belém"
Texto de Caio Maximino.
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